No Brasil, a escolha do doador é feita por meio de bancos de esperma que armazenam e distribuem o material colhido de pessoas que voluntariamente se oferecem pra fazer a doação. Vamos entrevistar, em breve, uma das sócias do maior banco de esperma do Brasil, que foi utilizado por mim.

Na hora de escolher, o processo é o seguinte: você recebe uma lista com vários números (homens) normalmente de idade entre 25 a 35 anos. Nela você tem 8 colunas que correspondem a :

– origem (ex: espanhol, italiano etc)

– religião

– altura

– peso

– cor do cabelo

– cor dos olhos

– hobby

– profissão

A partir daí, você escolhe o conjunto de características que mais combina com você. No meu caso, escolhi parecido comigo, mas sei de gente que escolheu características completamente diferentes, inclusive religião.

A lista costuma ter, no máximo, uns 50 doadores. Pedem pra você escolher 6 , já que a rotatividade é grande; todos os dias tem gente precisando, portanto, o primeiro da lista pode não estar mais disponível. No meu caso, foi o último!

O preço gira em torno de R$ 1.600,00. Interessante comentar que nos Estados Unidos (e em vários países da Europa), o processo é muito diferente. Existem sites que comercializam esperma além dos laboratórios (aproximadamente US$ 250 / R$ 650 ), em que você tem acesso a quase TODAS AS CARACTERÍSTICAS do doador, inclusive fotos da infância, voz atual e quando criança, habilidades, hobbies,  um pouco da família (pai, mãe e irmãos). Claro que, quanto mais você paga, mais informações você tem. Isso vale para óvulos também.

Vamos discutir isso em outro artigo, uma vez que tem muita coisa para mostrar e questionar sobre esse assunto. Lá fora a mulher tem muito mais opção do que aqui no Brasil. O fato é que enquanto no Brasil nós nos limitamos a pouquíssimas características, lá fora você pode ter um monte (pagando, é claro). Com US$ 400 /R$ 1.000 você pode saber praticamente TUDO do seu doador, inclusive se ele aceita ou não ter contato com o filho que vai ser gerado por você.

Tudo na maior naturalidade. No livro “Single by chance, mothers by choice”, de Rosanna Hertz, existem vários casos bem-sucedidos sobre essa relação que a autora aponta, assim como outros em que nem tanto, mas me lembro  de um caso cuja relação do doador com seu “filho” era ótima e muito bem resolvida pelo filho, que via o “pai” uma vez por mês e falava pelo telefone com frequência; nas festas de fim de ano revezavam com o filho como qualquer casal separado por aqui.

Esse é um livro que fala de vários casos dessa relação “pai doador que aceita ter contato” e pais que não aceitam. Mostra como algumas mulheres americanas lidam com a maternidade independente nas situações do cotidiano: desafios, medos, angústias e muitas alegrias.